A Revista surgiu pela necessidade intrínseca de se criar um periódico realizado por alunos de graduação da nossa faculdade, tendo em vista que as publicações que circulam dentro da Letras, infelizmente limitam seus espaços a textos em geral redigidos pelos professores ou alunos de pós-graduação.
A Revista, viabilizada por alguns alunos, propõe abrir seu espaço para a divulgação da produção literária que mal conta com o apoio da própria faculdade, fato que é inadmissível dentro de um curso como o de Letras, no qual a criatividade deveria ser estimulada, e não reprimida.
O nome da revista presta homenagem ao poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade.
No poema, áporo assume três significados:
1. Um inseto.
2. Uma situação difícil, aparentemente sem solução.
3. Uma espécie de orquídea.
O poema ainda traça a trajetória deste inseto que “cava sem alarme dentro de país bloqueado” e depois brota como uma flor “antieuclediana”. Estruturalmente, dentro de um “soneto cortado”, já que seus versos são pentassílabos, em oposição aos decassílabos tradicionais. Seria com uma miniepopéia, segundo Arrigucci Jr.
Trabalhando essas imagens e associando-as ao nome e ideais da revista:
Primeiramente, somos uma revista literária. E é obvio que hoje – como sempre – a literatura está elitizada, a nosso ver, mais pela falta de interesse da população geral que por critérios econômicos e/ou culturais (este último ainda pode ser considerado).
A literatura é vista à margem das outras artes – ainda considerando o universo popular –tanto que a atenção é mais voltada para o cinema e a dramaturgia (bons ou ruins), assim, o literato é visto como um ser externo ao mundo real: aquele ‘carinha’ que fica encolhido na sua biblioteca com centenas de livros, como um bicho estranho, fechado em um mundo paralelo.
No entanto, esse literato persiste no seu ofício, na esperança de conquistar um espaço, uma atenção maior à sua expressividade.
(Não é verdade isso: Recebemos a admiração daqueles que têm intimidade com as letras, enquanto causamos o estranhamento dos leigos e ainda sim escrevemos?)
Daí, podemos depreender a imagem do inseto do texto. Algo que incomoda, parece aceitar isso pacificamente, mas nega essa passividade através da insistência. Como o Áporo do poema.
A residência deste ser dentro da Literatura “ignorada” associa-se ao inseto dentro de uma situação difícil.
Nas palavras do próprio Arrigucci: “Em áporo, a noção de trabalho está em xeque. No momento em que Drummond escreve esse poema, há uma desvalorização do trabalho poético, há uma pressão contra todo trabalho cultural por causa da ação da Ditadura, há um quadro geral da arte no capitalismo, em que o trabalho poético não vale nada diante de um mundo da mercadoria”
A desvalorização que temos hoje, embora seja de outra ordem sócio-histórica, nos parece a mesma.
A imagem da orquídea, podemos usá-la da seguinte forma:
Em a Rosa do Povo, livro em que o poema está presente, a imagem da flor aparece sempre como sinal de esperança, solução – em “A flor e a Náusea”, por exemplo.
Bom, a publicação de uma revista literária, na qual os autores tenham o espaço para mostrar sua arte; tenham um estímulo para a criação desta arte, já simboliza uma esperança.
Teremos então no nome da revista insetos que persistem na arte literária dentro de um país em que a literatura se encontra numa situação difícil, e que, embora incomodem alguns, e sejam ignorados por alguns, irão, algum dia, brotar contra toda a lógica daquela situação, na superfície de nossas Letras.
Olá, gostaria de saber se alunos
ResponderExcluirda Sociais podem participar
também. Grato!
Sim, o Festival é aberto a todos os alunos da FFLCH.
ResponderExcluirOnde exatamente na letras os textos
ResponderExcluire a ficha de inscrição devem ser entregues?!
As inscrições são feitas na Xerox da Letras, que fica no andar térreo, ao lado da Lanchonete
ResponderExcluirQual a previsão para os resultados?
ResponderExcluirDivulgação dos vencedores do III Festival de Literatura da Letras:
ResponderExcluir04/12, às 22h,
na Festa de lançamento da Áporo#3.
(vide post acima)